O músico e compositor Alvaro Rabaquino se revelou pelas redes sociais como um dos cofundadores da Dogma, banda envolta em polêmicas nas últimas semanas após a substituição de três integrantes. O artista uruguaio, membro de projetos como Bungee, Mano Arriba e Arde el Cielo, afirmou que, desde setembro de 2024, não integra mais o projeto.
Em longo comunicado nas redes, o artista diz que o projeto hoje seria comandado apenas pelo empresário Ian Di Leo, da IDL Entertainment. Este, por sua vez, ainda não se manifestou — a matéria será atualizada caso isso ocorra.
Na nota, Alvaro expôs sua divergência — inclusive jurídica — com Di Leo. Também anunciou a criação de uma nova banda, Vindicta, com as integrantes recentemente substituídas da Dogma: Lilith (Grace Jane / voz), Lamia (Amber Maldonado / guitarra) e Rusalka (Patri Grief / guitarra).
Os criadores da Dogma — e as divergências
O texto, inicialmente, destaca que a Dogma atual “não é mais Dogma” e que observou “em silêncio enquanto o projeto se transformava em algo” que não reconhece “artística, ética ou humanamente”. Ele declara não ter “qualquer envolvimento artístico, comercial ou ético com a versão da Dogma que atualmente excursiona com esse nome”. Em seguida, o músico revela os três cofundadores:
— Alvaro Rabaquino (ele próprio): compositor das músicas e letras, responsável por gravar vários instrumentos e líder da produção musical;
— Federico Rabaquino (irmão de Alvaro): contribuiu como compositor, músico e produtor executivo, apoiando a direção criativa, os arranjos e o processo de gravação;
— Ian Di Leo: diretor da IDL Entertainment, tem papel de gestão e negócios. Alvaro diz: “Seu registro posterior como ‘coautor’ das músicas, sob o nome artístico ‘The Light Messiah’, refletiu um acordo interno da época, não uma composição ou produção musical propriamente dita. Ele não é músico e não compôs, arranjou ou produziu o material. […] Dogma foi a primeira vez que Ian tentou se posicionar como um ‘criador’ na música, apesar de não compor ou produzir nada”.
Na nota, Alvaro explica as primeiras divergências com a condução do projeto:
“Embora eu tenha criado todas as músicas e letras, partes da direção temática foram moldadas por uma influência externa que não refletia a perspectiva, a experiência ou a identidade das mulheres no palco. Com o tempo, essa discrepância tornou-se óbvia para muitos fãs, que sentiram que as letras carregavam um olhar masculino, enquanto o projeto era vendido como ‘empoderamento feminino’. A narrativa estava sendo moldada por alguém que não era músico, nem compositor, nem mulher: alguém de fora da experiência musical, criativa e vivida das artistas. Ficou impossível de ignorar essa dissonância.”
Acusações
O rompimento ocorreu, segundo ele, em setembro de 2024. “Sem acordo prévio e contrariando o espírito da nossa parceria, Ian tentou registrar a marca Dogma em seu próprio nome”, diz Rabaquino, que detalha:
“Ele assumiu o controle unilateral das redes sociais, comunicações e finanças, e até mesmo levou a banda em turnê, coletando pagamentos e tomando todas as decisões, apesar das minhas objeções explícitas e sem a minha participação ou consentimento como cofundador. Depois de vê-lo violar meus direitos como sócio e destruir qualquer resquício de confiança, cortei todos os laços e levei o conflito para os canais legais. A partir desse momento, não autorizei, supervisionei ou endossei nenhuma das decisões tomadas sob seu controle.”
O músico e compositor, então, relembrou uma série de problemas vivenciados pela Dogma nos últimos tempos. Além de citar mudanças e substituições constantes na formação, ele aponta “apresentações com playback, shows adiados, turnês canceladas, relatos de detenção, problemas de imigração e maus-tratos durante turnês internacionais”. São os relatos das três antigas integrantes.
“Não recebi nada pelo trabalho que criei e as disputas legais consumiram o tempo e a energia que eu deveria ter gasto fazendo música. Investi seis anos da minha vida, meu dinheiro e minha energia criativa na construção deste projeto do zero. Sob a gestão dele, esse investimento nunca foi recuperado, e quantias substanciais foram arrecadadas em nome da Dogma, enquanto o principal compositor e produtor, eu, não recebi nada. O que desapareceu não foi apenas o dinheiro, mas também o projeto que eu criei. […] O que está sendo vendido hoje é uma casca vazia construída em cima do nosso trabalho, sem a equipe criativa original e contra os valores que o projeto alegava representar.”
Criação de nova banda, Vindicta
Alvaro Rabaquino mencionou que “várias artistas que levaram essas músicas ao palco se manifestaram nos últimos dias”, confirmando que a Dogma foi “tirada de seus criadores, despojada de sua identidade e redirecionada para servir à agenda de um homem, distante da música e da verdade”.
Diante disso, o músico e compositor anunciou a criação da Vindicta, nova banda com a cantora Grace Jane e as guitarristas Amber Maldonado e Patri Grief. O repertório terá não apenas músicas criadas por Rabaquino na Dogma como, também, composições inéditas. O primeiro single, “The Face of the Clown”, pode ser ouvido abaixo.
O comunicado conclui:
“Não estou pedindo que ninguém ataque ou assedie ninguém online. Isso não ajuda ninguém. Estou pedindo que vocês se mantenham informados, que ouçam com atenção e que apoiem os verdadeiros artistas. Não estou aqui para alimentar polêmicas. Estou aqui para assumir a responsabilidade pelo que crio e para oferecer a vocês uma saída dessa narrativa fabricada. […] Apoie as verdadeiras artistas por trás desta história: siga @officialvindicta e compartilhe a nova música. Não siga o barulho: siga as vozes que pagaram o preço para lhe contar a verdade. O espírito do projeto com o qual você se conectou está vivo. E hoje, ele se ergue sob seu nome legítimo: VINDICTA.”
Até o momento, a Dogma não se manifestou sobre as acusações de Alvaro Rabaquino. As alegações das ex-integrantes também não foram mencionadas em comunicados posteriores.
Histórico recente da Dogma
No último dia 26 de outubro, as integrantes Lilith (Grace Jane / voz), Lamia (Amber Maldonado / guitarra) e Rusalka (Patri Grief / guitarra) publicaram que foram substituídas de forma indevida e criticaram duramente a gestão do grupo, além de, pela primeira vez, revelarem oficialmente suas identidades. Desde então, uma onda de acusações ao empresário da banda veio à tona.
Rusalka, cujo nome verdadeiro é Patri Grief, trouxe mais detalhes a respeito do tópico. Em um longo texto, a guitarrista denunciou maus-tratos por parte do gestor, que, segundo a própria, incluíam falta de pagamento adequado, alimentação insuficiente, visto de trabalho irregular, manipulação, misoginia e abuso psicológico. Depois, musicistas sondadas para integrar a formação em outros momentos também expuseram situações diversas.
Posteriormente, a guitarrista Amber Maldonado publicou um texto em suas redes sociais relatando a sua experiência na banda. As acusações incluíram ser forçada a tocar de salto alto em shows mesmo com o tornozelo torcido, cachê abaixo do padrão de mercado, falta de alimentação e obrigatoriedade de realizar meet and greets e uma performance para uma rádio sem pagamento adicional.
Uma guitarrista chamada Elizabeth Schembri, que alega ter feito teste para a banda em julho, ecoou as alegações das integrantes substituídas. Em publicação no Instagram, Schembri disse que, ao ser chamada para ocupar a vaga de Rusakla, precisaria usar playback, ganharia US$ 100 por apresentação e não havia garantia de continuar no grupo para o futuro. A instrumentista recusou a proposta.
Diante disso, turnês da Dogma na Austrália e China foram canceladas recentemente. A empresa responsável pelo giro australiano, Hardline Media, explicou que tomou a decisão em parte por causa da polêmica recente: “Apenas queremos promover a banda que nós, e vocês, achavam que iriam ver”.
Ainda no fim de outubro, a gestão da Dogma se manifestou pelas redes sociais. Mostrando novas integrantes em uma foto, publicada em meio a uma tumultuada turnê pelos Estados Unidos, a banda ofereceu uma declaração vaga sobre a saída das integrantes e não tocou nas outras acusações.
“Estamos cientes de declarações online recentes de algumas ex-integrantes não originais do Dogma. Embora respeitemos todas que contribuíram para nossa jornada, queremos deixar claro que Dogma sempre foi e continuará sendo muito maior do que qualquer indivíduo.
Dogma foi fundado com base na criatividade, colaboração e evolução. Como qualquer projeto artístico, a mudança faz parte do nosso crescimento. Cada membro, do passado e do presente, deixou uma marca que ajudou a moldar quem somos hoje, mas a visão e a música da Dogma continuam a avançar por meio da dedicação da equipe atual e do apoio de nossos fãs. Somos gratos pelo tempo, energia e momentos que cada membro compartilhou com a Dogma. Cada contribuição, grande ou pequena, tornou-se parte dessa jornada e sempre será apreciada e valorizada.
Continuamos totalmente comprometidos com os valores que definem o Dogma: autenticidade, liberdade de expressão e conexão por meio da arte. Nosso foco é e sempre será na música, na mensagem e na comunidade que tornaram este projeto o que ele é.
Obrigado a todos que continuam acreditando na Dogma e no que defendemos, porque Dogma nunca foi sobre quem somos, mas sim sobre o que VOCÊ escolhe se tornar…”
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