Aquiles Priester não foi bem no teste para o Dream Theater? O que ele diz sobre o assunto

Brasileiro esteve entre os sete escolhidos para concorrer a uma vaga na banda, mas vídeo de audição mostrou erros de execução

Aquiles Priester, baterista conhecido por trabalhos com Angra, W.A.S.P., Hangar, entre outros, foi um dos sete selecionados, em 2011, para participar de uma audição com o Dream Theater. Na época, a banda de metal progressivo buscava um substituto para Mike Portnoy, que havia saído no ano anterior.

A audição também envolveu outros seis bateristas estrangeiros: Mike Mangini, Marco Minnemann, Peter Wildoer, Thomas Lang, Virgil Donati e Derek Roddy. Tudo foi documentado em vídeo e divulgado posteriormente, em uma espécie de reality show, no YouTube.

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Mangini acabou sendo o escolhido e a participação de Priester gerou controvérsia na internet, porque ele errou a execução da complexa instrumental “The Dance of Eternity”. Relembre no vídeo abaixo.

O músico brasileiro realmente se saiu mal no teste? O que ele tem a dizer sobre a audição e sobre os comentários negativos que muitas pessoas fizeram a respeito disso?

Em entrevista anterior ao Heavy Talk, Aquiles destacou, inicialmente, que seu processo de preparação para o teste foi um tanto tumultuado. O baterista teve problemas para obter a liberação do visto, para viajar até os Estados Unidos e participar da audição.

“Nem que eu tentasse errar, eu não iria conseguir. […] O tempo todo, eles falaram: o Aquiles teve problemas com visto para chegar até aqui. No tempo que eu tive para praticar, ao mesmo tempo eu estava preocupando se conseguiria ir. Eu estava praticando em Tatuí, em um sítio isolado, e tinha de vir para São Paulo fazer entrevista que não dava certo. Tive que ir até Recife para fazer o visto lá. Perdi quatro ou cinco dias.”

O músico lembrou que seu teste não foi composto apenas de erros. O equívoco na performance de “The Dance of Eternity” foi, segundo ele, o único problema de seu teste – e justamente esse trecho foi incluído no vídeo.

“Nenhum baterista tocou as músicas inteiras bem. Eles me falaram isso. […] O erro no final daquela música, uma das ‘piores’ do metal progressivo de todos os tempos… eu errei no último compasso. Aquilo seria a cerejinha que faltava para minha audição ser perfeita até então. As outras duas músicas eu toquei inteiras.”

Em outra entrevista mais recente, ao Podihhcast, Priester lembrou que estar entre os sete convidados para a audição mostra a competência de seu trabalho. O músico destacou que foi o único da América do Sul na lista.

“Todos os outros caras já tinham tocado no Modern Drummer, nos maiores festivais de bateria, já tinham sido capa de revista. Fui como o único representante de uma banda de metal de verdade, além do Peter (Wildoer), que também tinha gravado com o James LaBrie e tocava no Darkane – e é um p*ta de um batera. Eu e ele éramos bateristas de metal.”

A resposta de Aquiles Priester aos haters

Na visão de Aquiles Priester, os brasileiros têm “um problema de baixa autoestima”, de “não aceitar as coisas”, e que “não tem problema” em ter errado naquela situação.

“É só você ver o documentário. Tem partes de outros bateristas tentando tocar a mesma parte da música por três vezes. Mas não importa. Eles são eles e eu, Aquiles, errei.”

Muitas críticas, aliás, já eram feitas ao baterista antes mesmo do vídeo da audição ter sido divulgado. Segundo ele, fãs de Dream Theater já diziam que o brasileiro não poderia entrar por soar “robótico” em sua performance no instrumento.

Diante de todas as críticas que enfrentou, tanto antes quanto depois da audição, Priester afirma:

“O que posso falar sobre todas essas pessoas que falam que eu errei é: olha a história. Mostra outra pessoa que tenha catado lixo para tocar seu primeiro chimbal, que tenha catado ferro velho para comprar seu primeiro pedal, que tenha montado uma bateria de lata no fundo do quintal e, hoje, seja um dos bateristas mais reconhecidos no mundo do metal.”

Portas abertas

De acordo com Aquiles Priester, a audição com o Dream Theater ofereceu, indiretamente, outras oportunidades para sua carreira.

“Fico feliz de ter sido chamado. No ano seguinte, saí dividindo uma história de capa com o Gene Hoglan na revista Modern Drummer americana, com oito páginas de entrevista. No outro ano, fui chamado para tocar no Modern Drummer Festival.”

Em seguida, ele comentou que foi recomendado por John Petrucci, guitarrista do próprio Dream Theater, para um trabalho com Tony MacAlpine. Outras oportunidades também surgiram.

“O Tony MacAlpine estava procurando um baterista para uma turnê na Europa em 2012, ele ligou para o John Petrucci e disse: ‘já toquei com o Virgil (Donati), já toquei com o Marco Minnemann, que fizeram a audição, você acha que teria alguém legal para a minha banda?’. O Petrucci falou: ‘pega o Aquiles porque o som de bateria dele é incrível’.

Toquei muito com ele até 2017, quando fiz uma audição com o W.A.S.P., uma das maiores bandas de metal dos anos 1980, e comecei a fazer turnês com eles. Mas ano passado ele me chamou de novo para fazer turnê, também me chamaram para o Dragonforce.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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