Mesmo com o Kiss oficialmente aposentado, Gene Simmons segue tendo opiniões fortes a respeito da indústria musical. O vocalista e baixista mantém seu velho discurso de que o rock está morto e explica como, ao mesmo tempo, fenômenos de popularidade e venda como Taylor Swift são possíveis.
Prestes a vir ao Brasil com sua banda solo para tocar na edição local do festival Summer Breeze, o músico refletiu sobre a viabilidade financeira de artistas como Swift, enquanto bandas de rock já não dispõem de um orçamento desse tamanho. O assunto, recorrente em suas entrevistas, surgiu em conversa com André Barcinski para o jornal Folha de S. Paulo.
Ele disse:
“O rock está acabando, não há uma banda nova que seja tão relevante ou influente. Mas, por outro lado, vemos artistas como Taylor Swift, cuja turnê acaba de bater recordes de bilheteria. Por que ela faz tanto sucesso e o rock está em crise?”
O linguarudo acredita ter a resposta, situada algumas décadas atrás, com a popularização da internet em uma época onde ainda não havia streaming. Naquela época, os downloads ilegais eram bem mais comuns do que hoje.
“Acho que isso tem a ver com a falência do modelo de negócios das gravadoras, que começou há uns 20 anos, quando discos passaram a ser baixados por qualquer um. As gravadoras demoraram a perceber o perigo que aquilo representava e agora estão pagando o preço. Elas deveriam ter lidado com essa questão de maneira muito mais agressiva.”
Fãs de rock inviabilizaram o negócio
Em outra entrevista, dessa vez ao G1, Simmons deixa seu argumento ainda mais claro: o rock está se tornando inviável porque os fãs não gastam mais dinheiro com os artistas. Já no lado pop, segundo ele, não é isso que ocorre.
O músico foi perguntado por Marina Lourenço a respeito de uma suposta “morte” de toda a indústria musical, não só do rock. Ele respondeu:
“Com exceção de Taylor Swift, Ariana Grande, algumas bandas de rap e country. Porque seus fãs ainda pagam pela música. Os fãs de rock não. O rock está morto. É muito triste porque existem vários artistas novos talentosos por aí. Mas eles nunca terão a chance que tivemos. Não pode haver outro AC/DC ou Metallica porque as novas bandas não conseguem ganhar dinheiro suficiente para estar numa banda.”
A organização do Summer Breeze Brasil 2024 anunciou a banda vencedora do concurso cultural New Blood. A iniciativa elegeu o grupo paulistano de symphonic / power metal Santo Graal para abrir o palco Waves às 12h05 do terceiro e último dia do festival, que acontece em 26, 27 e 28 de abril no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Diferentemente da primeira edição, em 2023, que restringiu suas inscrições ao território brasileiro, o concurso New Blood 2024 avaliou bandas de toda a América Latina. Para participar, os artistas enviaram um videoclipe ao vivo de sua melhor música para o júri, composto por Anderson Bellini (produtor audiovisual), Marcelo de Assis (CEO do The Music Journal), Nando Machado (CEO da ForMusic e do site Wikimetal), Tony Monteiro (jornalista da Roadie Crew), Fernando Quesada (sócio-diretor da School of Rock e ex-integrante do Shaman e Noturnall), Regis Tadeu (crítico musical), Léo Liberti (Libertà Films) e Bruno Sutter (apresentador da Kiss FM, músico e comediante).
O conjunto responsável pela curadoria inicial selecionou dez bandas para a etapa final, de votação popular. Neste modelo, venceu o Santo Graal, hoje formado por Rebecca Montanha (cello), Paulo Francioli (guitarra), Natália Fay (vocal), Carol Claro (teclados), Carlão Menezes (baixo) e Rafa Martini (bateria).
Santo Graal e New Blood Summer Breeze Brasil
Criado no início de 2000, o Santo Graal esteve em atividade ao longo da década em questão, chegando a lançar um álbum homônimo em 2006 e participar de coletâneas. Em 2007, assinaram contrato com o selo Alvo, da Monstro Discos, para distribuir o disco de estreia em território nacional.
Apenas no fim de 2019, o grupo estabilizou novamente sua formação e concluiu “Dark Roses”. O segundo trabalho foi disponibilizado em 2020 e contou com a participação do guitarrista Edu Ardanuy (ex-Dr. Sin).
Em 2023 o concurso New Blood consagrou o Electric Gypsy, grupo hard rock de Belo Horizonte (MG), como vencedor. O site IgorMiranda.com.br cobriu a apresentação. Clique aqui para ler resenha.
Após concluir seu novo filme sobre a vida de Jesus Cristo, Martin Scorsese deve desenvolver mais um projeto promissor. Trata-se de uma cinebiografia de Frank Sinatra – com Leonardo DiCaprio como favorito para interpretar o cantor.
Fontes próximas ao diretor conversaram com a Variety e afirmaram que além de DiCaprio — colaborador recorrente do cineasta —, Scorsese deseja escalar Jennifer Lawrence para o projeto. Caso aceite o convite, a atriz deve ficar com o papel de Ava Gardner, a segunda esposa de Sinatra.
Entretanto, as mesmas fontes disseram que o projeto deve enfrentar alguns contratempos. Segundo o veículo de comunicação, Tina Sinatra, filha de Frank, é quem controla o patrimônio do pai — e ainda não deu ok para o desenvolvimento da obra.
Vale ressaltar que Tina é filha de Frank Sinatra com Nancy Barbato, sua primeira esposa. O renomado artista botou um fim na relação justamente para se casar com Ava Gardner — o que pode desagradar a herdeira do cantor.
Por fim, vários estúdios de Hollywood já demonstram interesse em bancar o projeto, segunda a Variety. A Apple, responsável por “Assassinos da Lua das Flores” (2023), filme mais recente do cineasta, tem vontade de fechar com o diretor. No entanto, a Sony é, no momento, a favorita para assumir o longa.
Novidades sobre o filme de Jesus Cristo
O veículo de comunicação ainda revelou novos detalhes sobre o filme focado na vida de Jesus Cristo. Este será segundo longa da carreira de Martin Scorsese com esta temática, pois dirigiu anteriormente “A Última Tentação de Cristo” (1988), estrelado por Willem Dafoe.
Conforme apurado pela Variety, Scorsese tem vontade de trabalhar novamente com Andrew Garfield, junto do qual gravou “Silêncio” (2016). No entanto, não está claro se o diretor quer o ator para viver Jesus Cristo ou algum de seus discípulos. Miles Teller também está no radar do cineasta para o projeto.
O filme deve começar as gravações ainda este ano na Itália e Egito. Israel é outro local considerado pela produção, mas a atual guerra entre o país e o grupo Hamas em Gaza deve se tornar um grande problema logístico.
Ao jornal Los Angeles Times, Martin Scorsese deu a entender que este filme deve ter duração de, no máximo, 80 minutos — ou 1h20 — para ser mais acessível ao público. Cabe destacar que vários longas do cineasta costumam chegar perto ou até ultrapassar a marca de três horas.
Dois dias antes de o álbum “Dark Matter” chegar ao mercado, o Pearl Jam disponibilizou mais uma faixa do disco. “Wreckage” é a terceira música do tracklist a vir a público, após a que dá título ao trabalho e “Running”.
Produzido por Andrew Watt, o álbum sairá por meio da gravadora Monkeywrench Records / Republic Records.
Sobre a canção, o guitarrista Stone Gossard destaca em material promocional:
“‘Wreckage’ provavelmente tem a maior construção para mim pessoalmente. Lembro de ouvi-la no início e pensar que era uma espécie de música do Ed (Eddie Vedder, vocalista). Eu criei essa pequena parte harmônica e acústica quase como uma melodia do The Cure. Tenho tocado junto com a música para reaprender e estou realmente ansioso para apresentá-la ao vivo. É realmente um ótimo trabalho pegar algo e realmente levar ao seu limite.”
A música pode ser conferida no player abaixo.
Novo álbum no cinema
Na última terça-feira (16), o Pearl Jam promoveu uma sessão em cinemas de todo o planeta para oferecer a primeira audição de “Dark Matter” aos fãs. O Brasil recebeu o evento em 36 salas de 22 cidades.
O guitarrista Kiko Loureiro anunciou a venda de uma série de instrumentos, equipamentos e itens de merchandising do tempo em que fez parte do Megadeth. As compras poderão ser feitas a partir da próxima quarta-feira, 24 de abril.
Uma prévia dos produtos pode ser conferida clicando aqui. Conforme a descrição preparada para promover o saldão, eis alguns destaques entre os itens ofertados:
Uma guitarra Gibson Les Paul Modern, que Kiko tocou em duas músicas todas as noites durante a turnê de 2022 do Megadeth.
Alguns violões, incluindo um Godin Multiac ACS SA Grand Concert usado em turnês por todo o mundo em 2023, um Godin Arena Pro CW e um Ibanez GA6CE-AM usado em turnês em 2019, 21 e 22 bem como nos bastidores e em quartos de hotel para praticar.
Alguns modelos Kramer, como o SM-1.
Um amplificador de guitarra DV Mark Neoclassic 1×12 super portátil e DV Mark Multiamp da sala de ensaios e jam do Megadeth.
Várias unidades Neural DSP Quad Cortex que têm sido peças principais do equipamento de turnê de Kiko desde 2022.
Alguns extras não relacionados à música, como munhequeiras, camisetas e até um quimono de jiu-jitsu da academia Gracie Barra.
Kiko Loureiro e a venda de seu acervo
Vale citar que não é a primeira vez que o brasileiro realiza esse tipo de ação. Em 2020, também em parceria com o Reverb, Kiko já havia disponibilizado mais de 80 itens semelhantes do seu acervo. À época, o músico declarou:
“Estou vendendo equipamentos de minhas casas no Brasil e Los Angeles, do estúdio do Megadeth em Nashville e da Finlândia, de onde é minha esposa. Embora seja duro dizer ‘adeus’ a esses itens, acho que ao invés de deixá-los guardados, quero que as pessoas os usem para gerar novas músicas e memórias.”
A saída do Megadeth
Kiko Loureiro não está mais no Megadeth desde setembro do ano passado. Primeiro, o guitarrista anunciou um afastamento temporário por questões familiares até que, em novembro, destacou que estenderia sua ausência. Desde o período original, Teemu Mäntysaari (Wintersun) ocupa a vaga.
Em várias entrevistas, o músico brasileiro citou a distância dos filhos e de casa como fatores que pesaram em sua decisão. Após uma conversa franca com Dave Mustaine, a decisão foi tomada e a busca por um substituto – que foi treinado pelo próprio – teve início.
Sintonia é a palavra perfeita para definir a noite do Royal Blood em terras cariocas na última terça-feira (16). A apresentação, que aconteceu no tradicional Circo Voador, marcou o fim da curta passagem atual da dupla britânica pelo Brasil. Antes do Rio de Janeiro, Mike Kerr (voz e baixo) e Ben Thatcher (bateria) se apresentaram em São Paulo, no último sábado (13) (clique aqui para saber como foi).
“Royal Blood, Royal Blood, Royal Blood!”, foram as palavras que os presentes começaram a entonar por volta de cinco minutos antes das 21h, horário marcado para o início da apresentação. As 21h10, quando os primeiros acordes do distorcido baixo de Kerr e o groove poderoso da bateria de Tatcher ecoaram pelo Circo Voador com “Boilermaker”, esses fãs sedentos pelo som da dupla receberam, enfim, o que queriam.
A partir daqui, nem mesmo um problema no microfone do vocalista/baixista logo após a execução da pesada “Out of the Black” — segunda música de um setlist que percorreu os quatro discos lançados pela banda até hoje — foi capaz de esfriar os ânimos da plateia.
Sólido e caloroso
Apenas um baixo e uma bateria — e por vezes o apoio dos teclados do músico de turnê Darren James em faixas dos seus dois álbuns mais recentes, “Typhoons” (2021) e “Back to the Water Below” (2023) — impressionam por serem o suficiente para o duo entregar um rock marcado pela solidez. A cada uma das músicas executadas de forma tecnicamente perfeita por eles, era, como dito, a sintonia que tomava conta do Circo.
O clima bom não era só entre banda e público, mas também entre a própria dupla, que, ao longo da noite, trocou não apenas olhares como também um soquinho de punhos em um dos inúmeros instantes em que o baixista se aproxima e até sobe na plataforma da bateria. Já os fãs responderam com entusiasmo e chegaram a competir com os vocais melosos de Mike em canções como as intensas “Come on Over”, “Lights Out” e “Little Monster” e a dançante “Trouble’s Coming”.
Kerr e Thatcher, aliás, demonstraram o oposto de qualquer estereótipo de frieza britânica. Em determinado momento, o vocalista e baixista leu cartazes com pedidos e mensagens do público. O baterista também não decepcionou e chegou a descer na plateia em duas ocasiões, uma no início da apresentação e outra mais ao fim.
“Eu não vou embora”
Falando em final, se antes mesmo do início os gritos de “Royal Blood” serviram de prenúncio, o canto “Eu não vou embora!” marcou o fim da performance de “Loose Change”, antes da saída para o bis. Duas faixas do álbum de estreia homônimo, de 2014, foram escolhidas para o encore: a pesada “Ten Tonne Skeleton” e obviamente o hit “Figure it Out”, dona de um riff inconfundível.
Após duas visitas ao Brasil que priorizaram festivais (Rock in Rio em 2015 e Lollapalooza em 2018) e grandes shows (abertura para o Pearl Jam no Maracanã também em 2018), ficou claro que presenciar uma banda como o Royal Blood em uma casa mais intimista, como o Circo Voador, é um privilégio. Mike Kerr demonstrou saber disso ao dizer, por fim: “A gente ama vocês para caralh*! Até a próxima!”. Que o retorno seja breve.
O Turnstile encerrou sua segunda turnê sul-americana, produzida pela Live Nation, diante de um cheio Tokio Marine Hall, em São Paulo, na última terça-feira (16). Sem passar por festival desta vez — ao contrário da primeira vinda em 2022, quando se apresentaram no Lollapalooza — puderam também se apresentar no Rio de Janeiro na segunda (15), com casa igualmente cheia.
Contrariar expectativas é o que mais ocorre aqui. A banda americana de Baltimore apresenta influências noventistas, que incluem Suicidal Tendencies, Jane’s Addiction, Rage Against the Machine, Faith No More e, por que não, Pixies e Hüsker Dü. O que resulta daí é um som pesado, rápido, mas com fortes doses psicodélicas e andamentos nada típicos. Um hardcore hippie — ou hippie core — seria um rótulo possível de ser adotado para definir o estilo do grupo formado por Brendan Yates (voz), Daniel Fang (bateria), Freaky Franz (baixo), Pat McCrory (guitarra) e Meg Mills (guitarra somente em turnês).
É uma hipótese com fundamento. Eles fazem questão de deixar claro que não são uma banda pesada como as outras. Tal qual o Axty, que abriu o recente show do Black Veil Brides (leia aqui como foi), a comunicação visual do Turnstile não diz o tipo de banda que são. As fotos de divulgação e cores adotadas e o merchandising parecem dialogar mais com catálogo de moda skatista do que com música de combate. A ideia é incluir, não excluir.
São bem-sucedidos nisso. O público presente no Tokio Marine compreendeu e reproduziu a ideologia que abraça em vez de ir ao confronto do que foge ao estilo. Com as pochetes penduradas no ombro (sem exagero, eram muitas pochetes sempre penduradas no ombro), os fãs abdicaram de todas as oportunidades de hostilizar a atração de abertura Liam Benzvi — e não foram poucas.
O nova-iorquino se apresentou sozinho, cantando com o microfone colocado quase de lado em relação ao público. Executou o repertório, um synthpop bem feito à la Tears for Fears, com um desleixo indisfarçável. Atrapalhou-se com as bases pré-gravadas e tocou fora do ritmo e com som embolado enquanto tentava corrigir o problema.
Quando tudo estava resolvido, deixou a guitarra de lado e fez movimentos indecifráveis; talvez dança, talvez imitação de robô. Shows como esse e com o do Big Special, que tocou antes do Placebo em março (leia mais clicando aqui), levantam perguntas como sobre qual seria o critério que estão utilizando para escolher algumas atrações de abertura.*
* Devido ao atraso da produção para liberar a imprensa, não foi possível assistir ao show da banda Joker.
Enfim, o povo entrou na brisa, aplaudiu isso e dançou ao som da discotecagem “pop-adulto-fm” que normalmente precede a apresentação do Turnstile. Detalhe: dela fez parte “Na Boca do Sol”, do pianista brasileiro Arthur Verocai, que foi sampleado por artistas de hip-hop como o finado MF Doom.
O show
Um pouco antes do horário marcado, 21h50, o nome do Turnstile ao fundo do palco foi iluminado por uma forte luz lilás, que lembrou a cor predominante em “Glow On” (2021). É o lançamento mais recente e o mais celebrado: para a alegria geral, 11 das 17 músicas do show vem dele. “Mystery” que abre o disco, também abre o show, dando início ao pula-pula e à cantoria que não poucas vezes superou o volume do som que vinha do palco.
Brendan Yates, Daniel Fang, Freaky Franz, Pat McCrory e Meg Mills haviam ali começado a oitava apresentação em uma turnê que passou por seis países em 15 dias. O cansaço a que teriam direito foi ignorado e tocaram sem pausas — mesmo quando a banda age de fato, uma trilha de fundo indica que ainda não é hora de parar, como pouco antes de “Underwater Boi”.
O grupo se comunica pouco com a plateia — ou, melhor, se comunica somente o necessário. São alguns acenos com a mão, um microfone apontado para que a plateia solte a voz. E é isso. Não precisa de mais, porque o público entrega sem que seja solicitado, canta e pula o tempo todo, mesmo nas canções mais cadenciadas como “Real Thing” ou na dançante “NEW HEART DESIGN”.
Outra expectativa quebrada foi quando, após “FLY AGAIN”, a banda deixou o palco para que Fang fizesse o solo de bateria, inesperado nesse estilo de música. Foi o mais próximo que se chegou de pausa para o bis. Contando com uma discreta adição de um sintetizador quase imperceptível, a técnica foi utilizada mais como geradora de clima do que uma exibição de habilidade. Já estava agradando pelo bom gosto, mas ganhou todo mundo quando tocou o surdo em ritmo de samba.
Sem pausa, o Turnstile voltou ao palco para a sequência “Blue by You” e, a princípio executado com toda as luzes apagadas, “BLACKOUT”, o principal hit — se é que se pode dizer isso. Com a pancada amorosa “T.L.C. (TURNSTILE LOVE CONNECTION)”, a banda encerrou uma apresentação para ninguém botar defeito.
Ainda que o set tenha durado cerca de uma hora, os três discos foram representados nas dezessete músicas tocadas. Cada uma extraiu gradativamente voz, suor e energia dos presentes, sem misericórdia, como se não houvesse amanhã.
Se a banda conseguiu fazer isso com o considerável público em uma noite de terça-feira útil, é de se pensar de como seria se a apresentação fosse em um sábado, como muitos fãs solicitaram desde que o evento foi divulgado. A verdade é que o Turnstile deixou até que não pôde ir com gosto de quero mais.
** Não há registros fotográficos devido à resposta negativa para o credenciamento do profissional do site.
O Sepultura já iniciou a “Celebrating Life Through Death”, sua turnê de despedida, que deve seguir até o final de 2025. Desde o anúncio do encerramento das atividades, questões envolvendo participações dos antigos membros da banda aparecem e Andreas Kisser respondeu de forma bem aberta a todas elas. Para o guitarrista, vale tudo dentro do espírito de celebração.
Em conversa com a Noize, Kisser foi novamente questionado sobre a possibilidade de trazer ex-integrantes para o último show do Sepultura. Nomes específicos — como os de Max e Iggor Cavalera — não foram citados, mas embora nada esteja confirmado, a resposta é mais positiva do que muitos poderiam pensar.
O músico disse:
“Não temos nada definido. O que está definido é que nós vamos fazer a turnê até o final de 2025 e passar pelo máximo de lugares. O mais importante de tudo é celebrar o momento. Então, a participação de ex-membros não é fundamental. Ela seria um lance a mais, e a gente já fez isso várias vezes: tocamos com Jairo (Guedz, ex-guitarrista) e com o Jean (Dolabella, ex-baterista) – isso não é uma novidade. Obviamente, temos essa vontade de reunir todo mundo no último show, seria interessante. Não só quem participou, mas bandas irmãs como Ratos de Porão, Sacred Reich, e tantas outras bandas fazem parte da história do Sepultura.”
Em entrevista ao Rockast (transcrita pelo Whiplash) no começo de março, Andreas deu uma resposta parecida à mesma pergunta. Ele afirmou:
“Não sei, cara, isso é uma coisa a se pensar. Seria legal num último show chamar todo mundo, né? Mas é uma coisa que talvez a gente trabalhe. Não é um processo agora, a gente tá muito no começo, né? Acho que seria até óbvio, né? Motörhead fez isso, Yes fez isso, várias bandas fizeram isso. Então, é uma possibilidade, estando todo mundo vivo, obviamente, né? Mas não é uma coisa que a gente tá trabalhando agora. Acho que para o derradeiro e último show que a gente quer fazer em São Paulo, seria interessante ter todo mundo. Mas é uma coisa a se pensar.”
O guitarrista, porém, também destacou que o derradeiro show do Sepultura não seria no intuito de organizar a reunião da formação clássica — e citou os velhos e conhecidos obstáculos para isso.
“Não é também por isso que a gente vai fazer o último show. Eu acho que eu quero celebrar, não quero criar tensão, criar situações de ego num lugar onde não precisa.”
Até agora, nada
No primeiro show da turnê, realizado em Belo Horizonte, no dia 1º de março, era esperada a presença de Jairo Guedz, guitarrista original do Sepultura, que se originou na capital mineira. O atual líder do The Troops of Doom chegou a escrever uma carta emocionada quando sua antiga banda anunciou a despedida.
No fim das contas, ele não foi chamado nem para conferir a apresentação. Mesmo assim, está aberto a um convite, como também disse ao Rockast (via Whiplash).
“Quando eles quiserem, eles me chamam e eu vou. E acabou que rolou o show em BH e eu não fui. Mas, se eu tivesse a oportunidade de ir, ou convite pra tocar alguma coisa, ou a minha banda abrindo, seria um prazer, pra mim seria um prazer.”
Quanto aos irmãos Cavalera, pouca coisa mudou nos últimos anos. Recentemente, Max e Iggor incentivaram o público em seus shows a gritar a frase “no Cavalera, no Sepultura” (“sem Cavalera, sem Sepultura”). Do outro lado, as portas permanecem abertas, como o próprio Andreas Kisser afirmou no dia do anúncio da turnê de despedida.
“As portas estão sempre abertas. Convidamos os irmãos Cavalera para fazer parte do documentário (‘Sepultura Endurance’) e eles não aceitaram. A ideia é celebrar o presente. Mas as possibilidades estão sempre abertas, a gente nunca fechou qualquer porta em nenhum sentido. Acho que seria muito interessante ter a participação de todos. Não é só para quem fez parte do Sepultura. Bandas amigas também, para que façamos uma grande festa, sejam as nacionais ou as internacionais, para algo memorável.”
Em maio de 2023, Josh Freese foi oficializado como responsável para ocupar a vaga do falecido Taylor Hawkins no Foo Fighters. De currículo longo, o baterista aceitou o desafio e se encaixou bem sob a liderança de Dave Grohl. Agora ele revelou como se sentiu ao receber um convite que não esperava, especialmente diante das circunstâncias trágicas que envolveram seu novo emprego.
Em conversa com o youtuber Rick Beato (via Blabbermouth), Freese contou como foi estava a situação após os shows tributo a Hawkins, nos quais ele, junto de vários outros bateristas, tocou com a banda. Não havia tantas expectativas, mas o músico revelou que, de alguma maneira, as pessoas ao seu redor já esperavam que ele fosse chamado.
Ele disse:
“Juro pelos meus filhos, eu tinha zero planos de ser chamado para ser o baterista. E todo mundo, e a mãe deles – meu vizinho passeando com o cachorro: ‘ei Josh, o Foo Fighters já te chamou?’. Outras pessoas me dizendo, outros bateristas, fóruns do Reddit: ‘Josh Freese vai ser o cara’. E eu dizia: ‘eu nem sei se a banda vai continuar’. A maioria das pessoas que eu conhecia dizia: ‘oh, eles vão ter que continuar, eles vão encontrar um jeito’.”
Sem pressão em Josh Freese
O baterista afirma que não colocou nenhuma pressão em Dave Grohl e nunca tocou no assunto de estar interessado na vaga, respeitando o luto por Taylor Hawkins. Os shows tributo aconteceram em setembro de 2022 e mais tarde, perto do Natal, aconteceu a tal ligação com o convite.
Freese relembra:
“Meses se passaram depois do segundo show tributo, em L.A. Acho que foi em setembro. E Dave disse que tinha criado um monte de músicas. Que ele ia gravar um monte de coisa depois dos shows. Então, legal. Parecia que ele ia fazer um disco. Acho que foi logo antes do Natal daquele ano, 2022, e eu recebi uma ligação dele. E eu perdi a ligação. Estava caminhando com minha esposa e alguns dos cachorros e eu disse: ‘ah, Dave tentou me ligar há 20 minutos’. E ela disse: ‘eu sei por que ele está te ligando’. Eu fiquei tipo: ‘calma, não estou pensando nisso’. Juro por Deus que não estava pensando. Eu disse: ‘Quer saber? Ele deve estar fazendo uma festa de Ano Novo. Ele deve estar fazendo um projeto onde vai ter todos esses nossos amigos bateristas tocando, cada um em uma faixa. Ele pode estar me ligando por vários motivos, mas não vou fingir que é por isso’.
Liguei para ele de volta e falamos sobre o Natal, nossos filhos, e se eles ainda acreditam em Papai Noel, para quem é mais difícil comprar presentes, e todas essas coisas bobas de família. Eu disse: ‘ei, você já gravou?’ e ele: ‘Sim, gravamos um monte de coisas. E eu toquei bateria, estou muito feliz por como está soando. Estou realmente animado com isso’. Falamos sobre coisas de bateristas. Aí ele: ‘E queremos que você seja o cara’. E eu senti como se alguém tivesse me socado no estômago. Não fiquei: ‘Uau, yippee, isso é tão legal’. Não fiquei animado assim. Foi quase como se tivessem tirado meu ar. Eu fiquei tipo ‘oh, meu Deus. Lá vamos nós’.”
As novas músicas gravadas por Grohl se tornaram o álbum “But Here We Are” (2023). Freese não participa do material, mas passou a integrar a banda nos compromissos de turnê. Dois shows foram realizados no Brasil, no festival The Town, em São Paulo, e em Curitiba, no último mês de setembro.
O Pearl Jam lançará o seu décimo segundo álbum de estúdio, “Dark Matter”, nesta sexta-feira (19). Nas palavras do guitarrista Mike McCready, o trabalho de onze faixas “tem a melodia e a energia dos primeiros discos”. Há, inclusive, uma referência direta ao projeto de estreia “Ten” (1991).
Recentemente, a revista Spin conversou com Andrew Watt, produtor responsável pelo novo material e também colaborador de Elton John, Rolling Stones, Ozzy Osbourne, entre outros. Durante o bate-papo, o entrevistador Jonathan Cohen mencionou a presença de uma introdução instrumental semelhante à de “Master/Slave” (faixa escondida de “Ten”) em “Dark Matter”.
Segundo o produtor em resposta, a ideia foi sugerida pelo vocalista Eddie Vedder, mas contou com a participação de todos os integrantes. Depois da criação, o próprio ficou refletindo a respeito das similaridades com a antiga música e, agora, acredita que ambas são, de certa forma, “primas”.
Ele declarou:
“Foi a ideia de Ed de ter uma introdução. Ele meio que trouxe a ideia e então Jeff [Ament, baixista] ajudou nisso também. Foi muito colaborativo. Estavam todos muito focados, deram muito de si. Eles já começaram álbuns assim antes [cantarolando o riff de abertura da primeira faixa, ‘Scared of Fear’], tipo, de maneira forte. Claro, que, depois que criamos a música, fiquei pensando [nas semelhanças] com ‘Master/Slave’ e agora estamos falando sobre isso e, à medida que conversamos, acho que as duas músicas chegam a ser primas.”
A importância de Matt Cameron
Em seguida, o profissional refletiu sobre a importância de Matt Cameron nas baquetas para a sonoridade alcançada. Apesar de ter entrado oficialmente para o Pearl Jam em 1998, o músico, antes focado no Soundgarden, contribuiu com demos que originaram o “Ten” – cuja bateria foi gravada por Dave Krusen.
Por isso, Andrew destacou:
“Eu tive uma conversa com um amigo meu que estava pensando, ‘como soa Matt Cameron no Pearl Jam? Soa como no Temple of the Dog, certo?’. Na verdade soa como a bateria do Soundgarden acompanhada dos riffs de Stone [Gossard, guitarrista]. Também é preciso lembrar que Matt Cameron tocou nas demos do álbum ‘Ten’. Quando Eddie Vedder começou a procurar e ouviu os instrumentais originais da fita cassete, ele ouviu a bateria de Matt Cameron, não a de Dave Krusen.”
Pearl Jam e “Ten”
Lançado em 25 de agosto de 1991, “Ten” foi registrado com orçamento na casa dos US$ 25 mil, valor considerado baixo para os padrões fonográficos da época. Mesmo assim, os músicos conseguiram convencer a gravadora a realizar a mixagem na Inglaterra.
Quatro faixas foram lançadas como single: “Alive”, “Even Flow”, “Jeremy” e “Oceans”. A gravadora tentou promover “Black” no formato, mas a banda recusou alegando se tratar de uma canção de conteúdo muito pessoal para ser usada como peça promocional.
Foi o único a contar com o baterista Dave Krusen. Chegou ao segundo lugar na parada norte-americana, vendendo mais de 15 milhões de cópias em todo o mundo. Ganhou disco de ouro no Brasil.